Alfred Hajos primeiro campeão olímpico dos 100 e 200 livre
Com participantes dos mais diferentes locais do mundo, sempre proporcionando encontros de culturas únicos e sendo ocasiões propícias para inovações e novidades por estarem sob os olhos do mundo, os Jogos Olímpicos sempre apresentam acontecimentos inusitados que ficam para sempre na história do esporte. Abaixo, algumas dessas passagens inesquecíveis ocorridas na natação:
– Quem pensa que a natação olímpica terá provas em águas abertas pela primeira vez em 2008 está enganado. Isso porque logo na primeira edição da Olimpíada, em Atenas/1896, as provas foram disputadas na Baía de Zea, com um público de 20 mil pessoas. Grandes ondas e água gelada (13° centígrados!!) deram a tona. O vencedor dos 100m e 1200m, o húngaro Alfred Hajós, declarou anos mais tarde: "Devo dizer que temi pelo que pudesse acontecer se eu tivesse uma cãimbra. Meu desejo de viver superou a vontade de vencer".
– Apesar de as provas de 1896 terem sido disputadas no mar, foi em Paris/1900 que tivemos pela primeira e única vez uma prova mais próxima das provas de águas abertas atuais, com a prova de 4 mil metros nadada nas águas do Rio Sena. A prova foi vencida pelo britânico John Arthur Jarvis, mas seu compatriota Thomas Burgess, quarto colocado, ficou mais famoso ao se tornar, em 1911, a segunda pessoa a cruzar o Canal da Inglaterra.
– Na verdade, não só esta prova foi realizada no Rio Sena, mas todas as provas de natação daqueles Jogos. À primeira vista, os tempos excepcionais registrados podem impressionar. Mas as competições foram realizadas a favor da correnteza, o que certamente contribuiu para vários recordes.
– Outro fato inusitado dos Jogos da capital da luz foi a disputa de uma série de provas que, vistas de hoje, parecem dignas de uma Olimpída do Faustão. Houve a prova de 200m com obstáculos, na qual os competidores tinham que escalar postes e nadar por entre barcos. O vencedor, o australiano Frederick Lane, provou que era o mais rápido em quaisquer condições, ao conquistar o ouro também nos 200m livre sem obstáculos.
– Uma competição de natação submersa também foi realizada. Para cada metro percorrido, os competidores ganhavam dois pontos, e mais um ponto para cada segundo que eles conseguiam permanecer sob a água. Também foi realizada uma prova de natação por equipe, que não se tratava de um revezamento, mas com regras tão complicadas e esdrúxulas que não vale a pena citá-las aqui.
– A última vez que uma prova deste nível aconteceu em Olimpíadas foi em St. Louis/1904. Na prova de mergulho a distância, os competidores pulavam na água e permaneciam imóveis por 60 segundos ou até suas cabeças quebrarem a superfície da água. Esta prova, nos Estados Unidos, chegou a ter uma certa tradição e foi disputada pela Associação de Natação Amadora eté 1946.
– Em Londres/1908, as provas foram realizadas em uma piscina de 100m no centro de um estádio. Com a realização simultânea das provas de atletismo no mesmo local, o público para as provas de natação foi muito maior do que o normal. Exceto nos 400m livre, recordes mundiais foram estabelecidos em todas as provas (a virada era um fator de perda de tempo).
– Nas Olimpíadas de Amsberdã/1928, a alemã Hildegard Schrader bateu o recorde olímpico dos 200m peito nas eliminatórias e igualou o recorde mundial da prova nas semifinais. Na final, ela venceu a prova, mas seu tempo foi pior que os das etapas anteriores. O motivo: na marca de 120m, seu maiô arrebentou, e ela nadou o restante da prova com os seios de fora! Após a prova, ficou na água consertando o maiô com agulha e linha por 15 minutos.
– O primeiro empate registrado no primeiro lugar da natação olímpica ocorreu em Munique/1972. Nos 400m medley, o sueco Gunnar Larsson e o americano Tim McKee terminaram a prova com o mesmíssimo tempo de 4:31.98. No entanto, o sueco foi declarado vencedor quando se verificou que ele havia chegado na frente por dois milésimos! Especulou-se que a espessura da tinta da placa de chegada poderia ter sido decisiva para essa margem, e desde então passou a ser declarado empate quando dois ou mais nadadores registram o mesmo tempo nos centésimos de segundo.
– Em Los Angeles/1984 pela primeira vez aconteceu a disputa da final de consolação, a chamada final B, para determinar as posições de 9º a 16º. O alemão Thomas Fahrner se poupou nas eliminatórias dos 400m livre, certo de que terminaria entre os oito primeiros. Mas conseguiu a nona posição e apenas um lugar na final B, fora da disputa por medalhas. Foi então que ele nadou sério, fez 3:50.91, bateu o recorde olímpico e fez um tempo com o qual teria conquistado o ouro na final A. Foi a primeira e única vez na história olímpica que o vencedor da final B fez um tempo melhor do que o vencedor da final A.
– Nas Olimpíadas de Barcelona/1992, o nadador Ahmed Imthiyaz se tornou o primeiro atleta das Ilhas Maldivas a não terminar na última posição em Olimpíadas, ao chegar na penúltima posição nos 100 livre. Isso aconteceu porque o nadador que ele venceu também era das Ilhas Maldivas…
Poderíamos nos estender e listar muito mais "causos" da história olímpica. Uma lista que com certeza só aumentará em Pequim/2008. Com certeza todos que acompanham os Jogos a cada quatro anos tem sua história preferida. Qual é a sua?
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